domingo, 21 de novembro de 2010

Álbuns-tributo: forma para tirar proveito ou apenas homenagens?

Álbuns-Tributo tornaram-se febre principalmente no meio do rock n' roll / heavy metal há alguns anos. Não precisa procurar muito para deparar-se com alguns deles, e as modalidades são muitas. Existem desde tributos tradicionais - com bandas famosas tocando covers do artista homenageado-, a tributos inusitados como versões em piano de clássicos do rock ou até mesmo versões infantis para músicas do Metallica (!).

Tal prática mostrou-se uma boa alternativa tanto para selos pequenos - que querem divulgar bandas desconhecidas - quanto para gravadoras maiores, e atualmente é bastante difundida. Existe quem defenda, vendo o lado positivo da prática, e existe quem acha pura perda de tempo.

Um exemplo recente é o caso envolvendo a banda de Heavy Metal Manowar. Após a morte do vocalista Ronnie James Dio o conjunto despertou polêmica por, pouco tempo depois do fato, anunciar a produção de um tributo ao finado vocalista. Tributo este que contaria apenas com bandas pertecentes ao selo (Magic Circle) do próprio líder do Manowar - Joey DeMaio. A ex-esposa de Dio demonstrou publicamente sua desaprovação a ideia,  inclusive referindo-se como uma mera tentativa de lucro em cima da tragédia do vocalista. A banda defendeu-se e lançou o tributo pouco tempo depois. 

Outro caso envolveu o vocalista norueguês Jorn Lande (Masterplan) - que lançou um álbum com covers de Dio, que leva o nome de.... Dio. Este fato fez  que muitos acusarem o cantor de "aproveitador", mesmo com o músico deixando claro que era um grande fã de Ronnie e o tributo estava sendo encaminhado há um certo tempo.

Jorn chegou inclusive a participar de shows com o  Heaven and Hell como forma de tributo a Ronnie James Dio.




Os tributos são vistos como forma de homenagear um certo artista - muitas vezes influência da banda que faz o cover - ou oferecer alternativas diferentes e curiosas da execução daquela música. O fato é que a produção desenfreada dos mesmos resultou na criação de muitos tributos sem alma, cuja intenção é apenas empurrar algo feito nas coxas. Ou seja, perde-se o conceito básico de homenagear, e o pior: acaba não existindo arte.

Segue abaixo uma lista dos que, em minha opinião, tratam-se de excelentes trabalhos. Como existem muitos, é óbvio que um ou outro ficou de fora. Tentarei separar por modalidade para maior compreensão. Bom deixar claro que não trata-se de um "top" ou algo do tipo, são apenas recomendações postadas de forma aleatórias.



Tributos ao vivo:

Paul Gilbert - Tribute To Jimi Hendrix (1991) [Jimi Hendrix]

Este tributo foi gravado em um festival de jazz na Alemanha. Trate-se de Paul Gilbert - mundialmente famoso por ser guitarrista do Mr. Big - fazendo ótimas interpretações de algumas músicas de Jimi Hendrix. O legal desse tributo fica por conta dos vocais de Paul, que ficaram bem encaixados, e as longas sessões de improviso durante as músicas.

Ouça




Hammer of the Gods - One Night in Montreal (2006) [Led Zeppelin]

Hammer of the Gods na verdade é uma banda formada por Mike Portnoy (bateria) Paul Gilbert (guitarra), Dave LaRue (baixo) e Daniel Gildenlöw (vocal) para um show especial focado em músicas do Led Zeppelin. Mike Portnoy (ex-líder do Dream Theater) organizou vários tributos desse tipo, mas este aqui é um dos mais bacanas da "série". Daniel Gildenlöw  (Pain of Salvation) conseguiu emular bem as linhas vocais do saudoso Robert Plant. Isso sem citar que a qualidade de gravação e o setlist escolhido é excelente.




Dream Theater - Dark Side of the Moon (2005) [Pink Floyd]

Na minha opinião esse é o melhor tributo da série  - que inclui ainda Master Of Puppets (Metallica) , The Number of The Beast (Iron Maiden) e  Made in Japan (Deep Purple) - de álbuns ao vivo executados na íntegra pela banda de metal progressivo Dream Theater. A maioria dos arranjos originais foram mantidos, com pequenas modificações. O show no geral tem uma ótima qualidade. Melhor só o próprio Pink Floyd, evidentemente.

Ouça:

Miscelânea:

Esta modalidade compreende tributos gravados estúdio em que vários artistas contribuem. simultaneamente. Isto é sem uma banda específica para tocar determinada faixa.


Working Man (1996) [Rush] 

Eis um excelente tributo! O Rush influenciou muitas bandas no rock e este tributo prova isso. Dentre alguns dos músicos que participam desse álbum incluem: Sebastian Bach (Skid Row), Eric Martin & Billy Sheehan (Mr. Big), Steve Morse (Deep Purple), Sean Reinert (Cynic), Michael Romeo (Symphony X) e Mike Portnoy (Dream Theater). Apontar os destaques é até uma tarefa injusta/complicada. Acredito que este seja um dos tributos mais injustiçados.
Confira aqui a lista completa. 

Ouça: 


Randy Rhoads Tribute (2000) [Randy Rhoads / Ozzy Osbourne] 

Uma grande homenagem para um grande guitarrista. Este tributo reune alguns nomes bem interessantes como Dimebag Darrel (Pantera), Sebastian Bach (Skid Row) e George Lynch (ex Dokken) e Joe Lynn Turner (ex- Rainbow), por exemplo. Engloba, por motivos óbvios, apenas a fase de Randy Rhoads com Ozzy Osbourne. Uma pena que seja pouco conhecido, pois temos ótimas versões aqui.

Ouça:
 
  



Tributos tradicionais:

 
A Tribute to The Four Horsemen (2002) [Metallica]

Lançando em 2002 pela Nuclear Blast este é um dos tributos mais conhecidos ao Metallica. Reunindo nomes como Anthrax, Destruction, In Flames e Dark Tranquility este tributo, apesar de altos e baixos, no geral tem saldo positivo. Sendo bastante recomendado. Em meio a tantos tributos ao Metallica este continua como um de meus favoritos

Ouça:
Destruction - Whiplash ; Anthrax - Phantom Lord ; Primal Fear - Seek and Destroy
 
 


A Tribute to Judas Priest: Legends of Metal Vol. II (1996) [Judas Priest]


A segunda edição desse tributo aos britânicos do Judas Priest consegue ser ainda melhor que o primeiro - que já é bom. O Judas influenciou diversas bandas de heavy metal e é homenageado com dignidade aqui. Dentre os artistas que prestaram homenagem inclui-se desde o power metal do Angra, Blind Guardian e Iced Earth a bandas mais agressivas como Kreator, Overkill e Forbidden - o que apenas confirma o quão o Judas foi influente para o estilo

Ouça:
Iced Earth - The Ripper ; Blind Guardian - Beyond The Realms of Death ; Nevermore - Love Bites


A Native in Black (1994) [Black Sabbath]

 Esse é um daqueles tributos tido como essencial pela maioria dos apreciadores desse tipo de trabalho. Nomes de peso como Megadeth, Type O Negative, Sepultura, Faith No More e o próprio Ozzy Osbourne talvez justifiquem isso. O que importa é que é um ótimo tributo.

Ouça:
Holy Dio (2000) [Dio, Rainbow, Black Sabbath]

Esse é obrigatório. Definitivamente O tributo ao Dio e nenhum outro - ao menos não tão cedo - vai superar este. O álbum  tem versões que abrangem quase toda a carreira do vocalista,. Apesar de ter algumas covers descartáveis, o saldo é positivo.

Ouça:  




Variado:

Pickin' on Lynyrd Skynyrd (1998) [Lynyrd Skynyrd]

Tributo muito interessante e bem feito. Todas as versões são instrumentais e com um lado bluegrass mais a flor da pele, digamos assim. Ou seja, aquele lado mais caipira do rock sulista do Lynyrd Skynyrd fica ainda mais evidente.  Prepare-se para muitas gaitas e excelentes arranjos em violão/guitarra.
 
 Ouça:






Fica a critério do leitor decidir se gosta ou não dos tributos. Eu pessoalmente gosto muito de de garimpar álbuns desse tipo, mas confesso que sempre sofri em achar tributos de qualidade  por conta disso fiz essa seleção. (: 


2 comentários:

  1. Muito boa as escolhas, cara, albuns como o Nativity In Black e o Randy Rhoads Tribute sao realmente obrigatorios. Pena que muitos desses "tributos" que saem hoje em dia sejam feitos apenas por grana mesmo, por isso que toda semana sai um diferente.Mas volta e meia algum se salva.

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