Ano de lançamento: 1995
O "Mad Season" foi um "supergrupo" de músicos emergentes da famosa cena grunge em Seattle. Cena esta que, no começo da década de 90, dominou as rádios exportando bandas para todo o mundo.
Lançado no que seria o fim de tal "era" (1995) "Above" foi o único álbum do grupo que foi composto por nomes como: Layne Staley (Alice in Chains), Mike McCready (Pearl Jam), Barret Martin (Screaming Trees) e John Baker Saunders (The Walkabouts). Achou pouco? Mark Lanegan (Screaming Trees) empresta seu característico vozeirão para duas canções do disco ("Long Gone Day" e "I'm Above") completando um time impressivo para qualquer admirador do estilo.
O álbum inicia-se com a longa e envolvente "Wake Up". A típica música que vai crescendo aos poucos, e que, apesar do ótimo instrumental, chama mais atenção pela interpretação de Layne - totalmente com alma, triste e com sentimentos. Quando você menos perceber será envolvido pela serena linha de baixo, que cresce até a música tornar-se um grande desespero - no bom sentido. Encerrando com um final tão calmo quanto seu início. Grande faixa.
Tenho que apontar um grande trunfo do álbum logo no início desta resenha: o fato de "Above" ser "irrotulável". O experimentalismo predomina na maioria das canções, cujos estilos variam constantemente. Há desde momentos blues e hard rock até horas de pura viagem acústica, por exemplo. "Long Gone Day" - oitava faixa e um dos singles do disco - exemplifica isso. A canção é baseada num incrível dueto entre Staley e Mark Lanegan, com um envolvente clima acústico que é completado por uma ótima percursão. O uso de sax também chama atenção, com um excelente solo no meio da música.
Outra que enfantiza o experimentalismo é "Artificial Red", porém com as experimentações evidenciando a veia blues dos músicos, com uma grande performance de Layne nos vocais e McCready na guitarra. "Artificial Red" prova a incrível versatilidade de ambos, com várias seções que parecem ter vindo de improvisos. Com certeza um dos destaques do álbum.
Mais experimentalismos? A penúltima canção "November Hotel" uma instrumental de 7min. e pura loucura psicodélica. Parece que veio do espaço. O que falar da guitarra dessa música? Carregada de efeitos e variações fantásticas. Seria injustiça não comentar a incrível "cozinha" formada por John e Barret, que complementam essa grande "viagem". A música que encerra o disco ("All Alone") soa como uma grande continuação dessa faixa - mantendo o clima psicodélico -, com a adição de uma espécie de mantra ("All alone...We're all alone...") que enfatiza o clima de desespero do registro em seu encerramento.
Saindo das "viagens" para o lado mais pesado, direto e, talvez, grunge do disco temos a ótima "I Don't Know Anything" - com um grande e incrivelmente pesado riff de guitarra (que anos mais tarde "apareceu" em "Slave", do "Silverchair") - e "Lifeless Dead" - com um riff não tão pesado, mas igualmente grudento. Ambas figurariam facilmente em algum disco do "Alice in Chains". Já "X Ray Mind" - segunda música do álbum - consegue reunir o lado experimental com a pegada mais direta das outras duas canções citadas.
Por fim sobram duas grandes músicas: "River of Deceit" - o principal single do álbum, com um clipe bem rodado - e "I'm Above". A primeira soa como uma irmã perdida de "Nutshell" do "Alice in Chains": é igualmente melancólica, bonita e envolvente. "I'm Above" - que possui Lanegan nos vocais - mescla momentos mais lentos com uma certa dose de agressividade, conta com um dos melhores refrões do álbum e um belo solo de violão. Liricamente o disco é bem linear, seguindo uma temática soturna e depressiva, as letras de "River of Deceit" resumem bem a obra nesse aspecto, por exemplo.
Mark Lanegan: apesar de sua participação ser breve, metaforicamente falando, seria como uma espécie de "cereja no topo do bolo". Seus duetos em "Long Gone Day", felizmente, foram registrados ao vivo durante a performance do "Mad Seson" no vídeo "Live At The Moore" - único registro ao vivo do projeto.
A melancolia vista nas músicas do álbum é facilmente explicada pelo momento que os músicos da banda passavam: o "Mad Season" fora formado por McCready e John Baker quando ambos se conheceram num centro de reabilitação, some o fato de Layne Staley afundar-se cada vez mais em heroína, por exemplo. Anos mais tarde tanto Staley quanto Barker faleceram por overdose.
Infelizmente o mundo nunca chegou a ver o prometido segundo álbum do "Mad Season", e até mesmo os shows foram escassos: apenas uma turnê no ano de lançamento do debut. Talvez todos esses fatos tornem "Above" mais único, especial. Uma das maiores obras-primas - infelizmente não tão reconhecido - que a cena grunge já produzira, sendo resultado da união de talentosos músicos e uma prova que supergrupos podem dar certo.
Nota: 10
Tenho que apontar um grande trunfo do álbum logo no início desta resenha: o fato de "Above" ser "irrotulável". O experimentalismo predomina na maioria das canções, cujos estilos variam constantemente. Há desde momentos blues e hard rock até horas de pura viagem acústica, por exemplo. "Long Gone Day" - oitava faixa e um dos singles do disco - exemplifica isso. A canção é baseada num incrível dueto entre Staley e Mark Lanegan, com um envolvente clima acústico que é completado por uma ótima percursão. O uso de sax também chama atenção, com um excelente solo no meio da música.
Outra que enfantiza o experimentalismo é "Artificial Red", porém com as experimentações evidenciando a veia blues dos músicos, com uma grande performance de Layne nos vocais e McCready na guitarra. "Artificial Red" prova a incrível versatilidade de ambos, com várias seções que parecem ter vindo de improvisos. Com certeza um dos destaques do álbum.
Mais experimentalismos? A penúltima canção "November Hotel" uma instrumental de 7min. e pura loucura psicodélica. Parece que veio do espaço. O que falar da guitarra dessa música? Carregada de efeitos e variações fantásticas. Seria injustiça não comentar a incrível "cozinha" formada por John e Barret, que complementam essa grande "viagem". A música que encerra o disco ("All Alone") soa como uma grande continuação dessa faixa - mantendo o clima psicodélico -, com a adição de uma espécie de mantra ("All alone...We're all alone...") que enfatiza o clima de desespero do registro em seu encerramento.
Saindo das "viagens" para o lado mais pesado, direto e, talvez, grunge do disco temos a ótima "I Don't Know Anything" - com um grande e incrivelmente pesado riff de guitarra (que anos mais tarde "apareceu" em "Slave", do "Silverchair") - e "Lifeless Dead" - com um riff não tão pesado, mas igualmente grudento. Ambas figurariam facilmente em algum disco do "Alice in Chains". Já "X Ray Mind" - segunda música do álbum - consegue reunir o lado experimental com a pegada mais direta das outras duas canções citadas.
Por fim sobram duas grandes músicas: "River of Deceit" - o principal single do álbum, com um clipe bem rodado - e "I'm Above". A primeira soa como uma irmã perdida de "Nutshell" do "Alice in Chains": é igualmente melancólica, bonita e envolvente. "I'm Above" - que possui Lanegan nos vocais - mescla momentos mais lentos com uma certa dose de agressividade, conta com um dos melhores refrões do álbum e um belo solo de violão. Liricamente o disco é bem linear, seguindo uma temática soturna e depressiva, as letras de "River of Deceit" resumem bem a obra nesse aspecto, por exemplo.
Mark Lanegan: apesar de sua participação ser breve, metaforicamente falando, seria como uma espécie de "cereja no topo do bolo". Seus duetos em "Long Gone Day", felizmente, foram registrados ao vivo durante a performance do "Mad Seson" no vídeo "Live At The Moore" - único registro ao vivo do projeto.
A melancolia vista nas músicas do álbum é facilmente explicada pelo momento que os músicos da banda passavam: o "Mad Season" fora formado por McCready e John Baker quando ambos se conheceram num centro de reabilitação, some o fato de Layne Staley afundar-se cada vez mais em heroína, por exemplo. Anos mais tarde tanto Staley quanto Barker faleceram por overdose.
Infelizmente o mundo nunca chegou a ver o prometido segundo álbum do "Mad Season", e até mesmo os shows foram escassos: apenas uma turnê no ano de lançamento do debut. Talvez todos esses fatos tornem "Above" mais único, especial. Uma das maiores obras-primas - infelizmente não tão reconhecido - que a cena grunge já produzira, sendo resultado da união de talentosos músicos e uma prova que supergrupos podem dar certo.
Nota: 10
Músicas-chave:
River of Deceit ; Wake Up ; Artificial RedFormação:
Layne Staley - vocais
Mike McCready - guitarras
John Baker Saunders - baixo
Barrett Martin - bateria
Participações:
Mark Lanegan - vocais em "Long Gone Day" e "I'm Above"
Nalgas Sin Carne - saxofone e percursão em "Longe Gone Day"Tracklist:
2. "X-Ray Mind" – 5:12
3. "River of Deceit" – 5:04
4. "I'm Above" – 5:44
5. "Artificial Red" – 6:16
6. "Lifeless Dead" – 4:29
7. "I Don't Know Anything" – 5:01
8. "Long Gone Day" – 4:52
9. "November Hotel" – 7:08
10. "All Alone" – 4:12
*Esta matéria também pode ser vista em:
http://whiplash.net/materias/cds/122525-madseason.html
Mad Season é incrível. E com os vocais do Layne então... Sou suspeita para falar, gosto bastante. A música que mais escuto é Wake Up, mas não é necessariamente a que eu mais gosto. Gosto de todas, acho que todas estão no mesmo nível e são extremamente relevantes para o álbum. E como vc disse, pena que esse projeto não gerou um segundo álbum. Ótima resenha!
ResponderExcluirPorra, embora tenha curtido o grunge não conhecia esta banda. Vou atrás hoje mesmo.
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