segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Warrel Dane - Praises To The War Machine

Ano de lançamento: 2008



O vocalista americano Warrel Dane é sinônimo de "Nevermore". Com tal grupo Warrel popularizou sua assinatura artística, ou seja, vocais carregados de interpretação e ótimas letras. Tais características, como esperado, marcam sua estréia em carreira solo com o álbum "Praises To The War Machine".


Além de excelentes músicos em sua banda Dane contou com a participação de nomes como James Murphy e Jeff Loomis ("Nevermore"). Tratando-se das composições Peter Wichers ("Soilwork") foi o braço direito do vocalista; com ele  que Dane assinou quase todas as músicas do disco. A parceria rendeu canções pesadas, mas ainda assim acessíveis e diretas. Subentende-se que tais atributos criem um grande diferencial em relação ao  som intricado do "Nevermore". Dúvidas?

O álbum inicia-se com a pegajosa "When We Pray". Tal composição, logo em seus primeiros segundos, revela-se mais modernosa do que tudo que Warrel Dane já tenha realizado. Embora o conteúdo lírico exiba temas mais corriqueiros em sua carreira - como questionamentos de um ser superior, por exemplo - a música soa "nova". Em seguida surgem "Obey" - com um grande solo de seu companheiro de banda Jeff Loomis - e "Messenger". Ambas as faixas seguem uma mesma linha: diretas com riffs e refrões cativantes.

A primeira surpresa surge com o cover de "Lucretia My Reflection". A canção, originalmente do "Sisters Of Mercy", aqui ganhou uma roupagem moderna e mais pesada. Os vocais graves e dramáticos de Dane cairam como uma luva nessa versão.  Curioso é saber que  o cantor  originalmente é um barítono, pois essa característica nunca foi explorada profundamente  em sua carreira - seja no "Nevermore" ou "Sanctuary" - e aqui o modo como ele utiliza os tons mais graves chama atenção desde o início.

A quinta canção ("Let You Down") diminui o ritmo - tratando-se de peso - das primeiras faixas. Nota-se o maior investimento em melodias nesse ponto. O refrão, bem melódico, é um dos mais grudentos do disco - o que não é algo fácil, visto que o disco é rechado com excelentes refrões. O forte emprego de linhas melódicas segue em "August". Canção que é simplesmente um dos maiores petardos do álbum. O que dizer da sublime interpretação de Warrel Dane? Sua interação com o instrumental aqui atinge seu ápice, casando perfeitamente com as linhas sombrias e melancólicas das guitarras.  Sem esquecer de seu de seu desfecho: um dos momentos mais "acelerados" - e inesperados - em "Praises to The War Machine".

As canções mais "baladeiras" aparecem na sétima, nona e décima primeira faixas ("Your Chosen Misery" , "Brother" e "This Old Man" respectivamente). A primeira soa como uma prima distante de uma antiga faixa do "Nevermore" chamada "Chances Three". Ambas são lentas com Warrel harmonizando seus vocais graves com tons mais altos. Trata-se de uma boa música, mas que no meio de outras com a mesma proposta soa menos forte.

Já "Brother", cuja letra narra nitidamente fatos bem pessoais, é uma das composições mais belas do disco com letra (e interpretação) transbordando sinceridade de Dane. Essa música também rendeu um bom video-clipe. Outro destaque fica por conta de "This Old Man" , trata-se uma música que alterna momentos mais limpos/distorcidos com riffs realmente bons e possui, possivelmente, a performance mais dramática - veja isso como um ponto positivo - de Dane em todo álbum. Ouça a capacidade de interpretação do "rapaz" na última linha vocal da música para compreender.

Completam o álbum as faixas: "The Day The Rats Went To War" - boa, contudo chama mais atenção pelo solo de guitarra de James Murphy -; "Patterns" - excelente versão para uma música de Simon & Garfunkel - e a "nevermorísticamente" pesada: "Equilibrium". Esta última poderia figurar facilmente em um álbum do "Nevermore" tamanha a similaridade dos riffs com o adotado em sua banda principal. Destaco também a faixa-bônus "Everything is Fading": a canção está presente apenas para aqueles que desfrutarem da versão digibook de "Praises To The War Machine"¹. Não entendo porque uma canção tão boa foi deixada de lado do tracklist do álbum, seu potencial para música de trabalho (single) era enorme. Leve em consideração que há dois covers no disco ("Lucretia My Reflection" e "Patterns")...


Após a audição do disco pode-se concluir que Warrel Dane foi bem sucedido em sua estréia: "Praises To The War Machine" é um baita álbum de metal/rock e, independente da qualidade  individual das músicas, ainda cumpre com sua proposta como projeto paralelo. Explico: o álbum soa diferente das composições corriqueiras do artista - sendo uma  boa alternativa para quem quiser um lado diferente do cantor. Como bônus some ótimos músicos (em sua banda) e o fato das canções não soarem piegas ou forçadas: tem-se aqui um projeto promissor, realmente válido. Que venha um próximo álbum!

Nota: 8,5

PS¹:
...ou para os que possuem internet. :P Resolvi "upar" pra quem quiser conferir, pois não é lá muito fácil de ser encontrada.


Músicas-chave:
August ; This Old Man ; Everything Is Fading (MegaUpload)


Formação:
Warrel Dane - vocais
Peter Wichers - guitarra, baixo nas faixas 1, 2, 3, 5, 7, 8, 9, 11
Matt Wicklund - guitarra, baixo nas faixas 4, 6, 10, 12
Dirk Verbeuren - bateria



Tracklist:

1.    When We Pray    03:38
2.    Messenger    03:59
3.    Obey    03:14
4.    Lucretia My Reflection (Sisters of Mercy cover)    04:38
5.    Let You Down    03:54
6.    August    03:48
7.    Your Chosen Misery    04:10
8.    The Day The Rats Went To War    03:37
9.    Brother    03:24
10.    Patterns (Simon & Garfunkel cover)    04:01
11.    This Old Man    03:43
12.    Equilibrium    03:53

Tempo total:
45:53

Um comentário: