segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Resenha: Iced Earth - Dystopia

Ano de lançamento: 2011

"06/08/2011". Facilmente identificada pelos fãs do Iced Earth, esta foi a data em que a banda americana despediu-se, pela segunda vez, do vocalista Matt Barlow. Falar da importância do cantor para a banda é 'chover no molhado' já que, apesar do guitarrista Jon Schaffer responder pela grande maioria das ações da banda, a característica interpretação dramática e agressiva de Barlow - sempre fortalecida o uso tanto de vocalizações graves como agudas - moldou o som do "Iced Earth". 


Caracterizou de uma forma que até o, relativamente, famoso vocalista Tim Ripper Owens - conhecido por sua passagem no gigante "Judas Priest" - sofreu com o 'fantasma' de Barlow durante sua curta estadia na banda, pois além da performance vocal em si, um atributo faltou a Ripper: o carisma de Barlow.  Tim Ripper saiu e, para felicidade da maioria dos fãs, Barlow retornou realizando turnês (com uma passagem no Brasil) e gravou um disco - "Crucible of Man" (2008) - mas, surpreendendo a todos, anuncia sua (segunda) saída da banda. Bem, e agora?

 
 O vocalista Stu Block (Into Eternity) fora anunciado como substituto antes mesmo da turnê de despedida (de Barlow) acabar. Enquanto isso, "Dystopia" - anunciado como um disco direto, agressivo... uma volta as raízes - era gravado com o novo cantor. Para matar a 'sede' dos curiosos, uma incrível versão do épico "Dante's Inferno" - do álbum Burnt Offerings (1995) - e, posteriormente, duas (ótimas) canções, até então inéditas, desse "Dystopia" foram lançadas em uma edição especial da revista alemã RockHard. 

As músicas em questão foram as faixas 02 e 08 desse disco - "Anthem" e "Days of Rage", respectivamente. Duas ótimas composições que surpreenderam muita gente que, antes mesmo de ouvir, criticava Block. Mas que estavam longe de mostrar todo o potencial do disco que, desde a introdução em marcha da primeira música ("Dystopia"), prende o ouvinte. Confesso que a semelhança do vocal de Stu com Barlow, em príncipio, me espantou. Mas, quem se importa? Na primeira faixa destaca-se o grande refrão e as linhas vocais, em falsetto, realizadas por Stu.  Troy Seele finalmente mostra a que veio, com a guitarra solo deixando de ser mera figurante no som da banda e voltando a ter um certo destaque.

A próxima, e já conhecida, música apresenta uma introdução extra, não presente na primeira versão. "Anthem" é uma faixa bem melódica, centrada no grande refrão e não possui um foco grande no peso. Eis que, em oposição, surge "Boiling Point" - que peso! Nessa faixa Stu consegue reunir as principais características de Ripper e Barlow em uma grand, e furiosa, interpretação. Riffs galopantes, refrões pegajosos, peso aliado a melodia e performance vocal forte. Sim, o Iced Earth voltou! Nada de exageros nos arranjos, orquestras e megalomanias conceituais... apenas heavy metal direto.

O disco segue com a balada "Anguish of Youth" e com o heavy metal direto de "V". A primeira,  de autoria exclusiva de Schaffer, surpreende em dois pontos: a introdução acústica, com muita dose de groove - algo incomum na banda -, e a performance vocal de Stu. Aqui ele canta de uma forma mais solta, mais própria que nas faixas anteriores. A música peca  por, além da sua previsibilidade, não possuir um 'climax'. Diferente de "V" que, apesar de também possuir uma estrutura 'básica', apresenta um refrão tão bom e empolgante que te faz esquecer de analisar isso e apenas querer apertar 'replay'! Tudo, obviamente, completado com riffs criativos e grudentos. Bem, não apenas o refrão é grudento: a música inteira é.

As 'maidenianas' "Dark City" - com passagens que me lembraram, também, "Prophecy", do disco "Something Wicked This Way Comes" (1998) - e "Equilibrium" mantém o nível de "Dystopia" alto.  A violenta, e já citada, "Days of Rage" mostra toda a agressividade de Stu, além de matar a saudade dos fãs das composições pesadas e rápidas da banda com pouco mais de dois minutos de duração.

A oitava música, e penúltima faixa na versão normal do disco, é  uma balada  bem ao estilo do grupo. "End of Innocence" teve sua letra escrita por Stu como uma forma de prestar tributo a sua mãe - que sofre de câncer, em estado terminal. É uma música bem emocionante que não cai no marasmo, como corre em certos trechos da, também balada, "Anguish of Youth", por exemplo. Na quesito interpretação, aqui foi onde Stu Block mais se aproximou da emoção dada por Matthew Barlow.

"Dystopia" tem seu encerramento em "Triumph and Tragedy". Trata-se de uma canção melódica que, novamente evoca o Iron Maiden - Jon Schaffer deve ter resolvido tirar a poeira do seu "Powerslave" (1984) e Piece of Mind" (1983)! - , e é desenvolvida em riffs, lembrando o estilo mais clássico da banda - como uma época de um Night of the Stormrider (1992), pra citar um exemplo.   A música ainda conta com um final, escondido poucos minutos após seu encerramento.

Nota: Na versão especial, e limitada, do disco incluem-se as seguintes faixas: "Soylent Green" - que conta com uns riffs bem grudentos -, "Iron Will" - com um estilo bem tradicional - e uma versão extra (String Mix) de "Anthem".

Enfim, o Iced Earth não reinventou a roda: "Dystopia" é um ótimo disco de heavy metal do começo ao fim. Sim, há novos elementos, mas o que se nota é a banda (Jon Schaffer?) objetivando a volta do seu estilo de origem em busca de um recomeço. O regresso de alguns solos e pequenos 'leads' também foi um ponto positivo. Troy Seele é um guitarrista mediano, mas que em estúdio cumpriu bem seu papel. Já a 'cozinha' permanece bem sólida: Brent Smedley é um ótimo baterista, pode não ser o melhor que já passou pela banda - bem, é difícil ser melhor considerando que o Richard Christy já passou pelo Iced - e Freddie Vidales é um ótimo baixista, pena que as quatro cordas não possua destaque no álbum. Já Schaffer segue como um ótimo compositor e um dos melhores guitarristas rítmicos no metal...

...e Stu Block? Sinceramente, nunca vi uma resposta tão positiva, no que se refere a reposição de um vocalista clássico. Alguns se sentirão incomodados pelo fato do músico, em muitas ocasiões, soar como o Barlow, talvez uma imposição de Schaffer, mas tudo flui no contexto da música. Em vários momentos Block mostra partes do seu estilo mostrando que possui uma versatilidade imensa de vocalizações. Analisando os créditos da obra, vê-se que Stu contribuiu muito nas letras do álbum. Outro ponto positivo. Esperemos sua evolução em disco posteriores, nesse, mesmo com toda a cobrança ele já alcançou um feito: a aprovação entre boa parte dos fãs do "Iced Earth"

Nota: 9,0

Músicas-chave:

Despedida de Matt Barlow durante o Wacken Open Air:


Formação:
Stu Block     - vocais
Jon Schaffer  - guitarras, vocais de fundo
Brent Smedley - bateria
Troy Seele - guitarra solo 
Freddie Vidales - baixo

Tracklist:

1.     Dystopia     05:49
2.     Anthem     04:54
3.     Boiling Point     02:47
4.     Anguish of Youth     04:41
5.     V     03:39
6.     Dark City     05:42
7.     Equilibrium     04:31
8.     Days of Rage     02:17
9.     End of Innocence     04:07
10.     Tragedy & Triumph     07:44
11.     Anthem (String Mix)     04:51   

 *Esta matéria também pode ser vista em:
http://whiplash.net/materias/cds/141835-icedearth.html

2 comentários:

  1. Mandou bem no review, o Iced Earth finalmente acertou a mão com um album direto, sem enrolações e focando apenas em fazer um som agradável e funcional ao vivo e em estúdio. Demorou muito para o Jon ter essa percepção mas fico feliz que o rumo tenha sido retomado.

    Aguardo com ansiedade ouvir a performance da banda ao vivo agora com o Stu.

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  2. Pois é, cara. Tou curioso pra saber como vai ser a performance do Stu nos shows... ao vivo ele já matou a pau.

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