Ano de lançamento: 2000
Lembrado, principalmente, por seu trabalho - incrível, diga-se de passagem - em bandas como o "Mr. Big" e "Racer X", Paul Gilbert sempre fora um dos raros guitarristas americanos que, além do 'mero' virtuosismo nas seis cordas, roubava a atenção por sua incrível versatilidade como músico.
Desde que 'debutou', com o álbum "King of Clubs" (1997), Gilbert mostrou que tomaria um rumo diferente. Um rumo que divergiu dos típicos álbuns solos de guitarristas; ao invés de preencher o disco com faixas instrumentais em que longos 'guiariam a composições', Gilbert apostara em uma incrível variedade de estilos. Sim, há virtuosismo nas guitarras; afinal, estamos falando de Paul Gilbert, certo? Ah, também há incríveis faixas instrumentais. Contudo, elas dividem espaço com canções incrivelmente acessíveis... - pop, pra falar a verdade - e Paul Gilbert, além de compor e tocar as guitarras, também as canta - muito bem, por sinal.
Ao iniciar a audição de "Alligator Farm", o ouvinte poderá se assustar com a música de abertura. Explico: "Better Chords" em nada lembra o que se esperaria de Gilbert; trata-se de uma rápida canção pop/punk e que, aqui, soa mais como uma introdução para a ótima "Individually Twisted" - faixa esta que, como boa parte do disco, possui um apelo pop grande em meio as ótimas linhas e solos de guitarra de Paul Gilbert. Resumindo: apesar de possuir elementos modernos e originais, soa como uma daquelas músicas típicas do hard rock oitentista: acessível e com guitarras animalescas ("Van Halen"?!).
Representando as canções instrumentais, temos "Let the Computer Decide" - composição virtuosa e que, em muito, lembrará o trabalho de Paul no "Racer X" - e, encerrando o álbum, a incrível "Whole Lotta Sonata" que trata-se de um arranjo pessoal - mantendo uma certa 'tradição' iniciada por ele no primeiro álbum solo - do terceiro movimento da Sonata em C (Dó) do compositor erudito "Mozart". Curiosamente o título da música evoca claramente uma fusão entre o rock e a música erudita: seria um trocadilho com uma composição do "Led Zeppelin" (Whole Lotta Love) ou do "AC/DC" (Whole Lotta Rosie)? Bem, isso não importa quando o arranjo / execução atinge grandes níveis de excelência, como é o caso.
Não poderiam faltar faixas mais 'agitadas' em "Alligator Farm": temos a excelente faixa-título - possuindo um dos melhores refrões do registro -, a divertida "Cut, Cut, Cut" - com um grande número de riffs interessantes - e a ótima "Attitude boy Will Overcome".
A composição de baladas deixou Gilbert famoso no mundo pop - principalmente por conta do "Mr. Big" -, logo, dificilmente, ele as deixaria de fora em seus álbuns solo. A sexta faixa ("2 Become 1) é a primeira destas a dar as caras e trata-se, pasme, de um cover das "Spice Girls"! Sim, Paul sempre mostrou um apreço ao pop e, para deixar o disco ainda mais eclético e louco, nada mais do que um cover improvável como esse. Obviamente, Paul imprimiu sua marca, na composição das britânicas, encaixando dois solos de guitarra em sua ótima versão. As outras são a belíssima "Rosalinda Told Me" - que possui um solo curto, porém sensacional -, "Dreamed Victoria" e a experimental "Koto Girl". Completam o disco: a rápida "Six Billion People" - mostrando as influências jazzy de Gilbert - e, não se engane pelo título, "The Ballad of the Last Lions" - a maior faixa do álbum com seus 'quilos' de solos.
Em suma, "Alligator Farm" é um disco para muitos - tendo em vista a grande variação apresentada no álbum - e, paradoxalmente, para poucos - levando em consideração que são raras as pessoas que apreciariam tanta mistura em um só álbum. Se você não tem problemas quanto a isso, "Alligator Farm" é uma ótima indicação; trata-se de um disco raro e altamente musical sendo complexo e, repetindo o paradoxo, simples. Lembrando: há desde "Spice Girls", passando por "Mozart" até o pop, jazz e hard rock! Obviamente, este registro também ajudou a consolidar Paul Gilbert como um grande artista, seja cantando ou comandando as guitarras. Infelizmente, o retorno (leia-se reconhecimento/dinheiro) de sua carreira solo, tal como em seus outros projetos, restringiu-se, principalmente, ao Japão. Uma pena.
Caso seja fã das bandas principais de Gilbert, mesmo que tantas misturas não sejam do seu agrado, vale a pena conferir; afinal, há grandes solos e linhas de guitarra e, além disso, quem sabe o álbum faça você mudar de ideia, abrir a cabeça.
PS:
Não julgar o disco apenas pela capa - brilhante, a propósito.
PS:
Não julgar o disco apenas pela capa - brilhante, a propósito.
Nota: 8,0
Músicas-chave:
Formação:
Paul Gilbert - vocais e guitarras
Tony Spinner - guitarras
Scotty Johnson - guitarras, teclado e orgão
Mike Szuter – baixo
Jeff Martin – bateria
Tracklist:
*Esta matéria também pode ser vista em:
http://whiplash.net/materias/cds/149466-mrbig.html
Paul Gilbert mestre como sempre. Depois de ouvir um pouco de Racer X e Mr. Big, ate espanta logo no inicio desse cd, com "musiquinhas" bem pop/punk mesmo, Individually Twisted parece ate musica de "seriado adolescente dos anos 90", alem de ter um refrão "muito Green Day"...hehehe...mas no geral, um ótimo álbum que prova que Paul Gilbert não é só um guitarrista foda, mas um musico foda. E relembrando o que voce disse, o cara canta muito bem.
ResponderExcluirO pior é que mesmo com musiquinhas, como você falou, ele consegue se destacar e inserir as características que apareceram em seus trabalhos mais marcantes, seja na carreira solo, no Racer X ou no Mr. Big.
ExcluirPra mim esse é o melhor trampo da carreira solo dele por essa diversidade. Todavia, se você quiser algo mais tradicional - leia-se instrumental -, há discos (excelentes) como o "Fuzz Universe" e o "Get out of My Yard".