Em 1991 o poderio das bandas da Bay Area – região de São Francisco, Estados Unidos – já havia sido confirmado. Muitos daqueles grupos que praticavam uma forma ainda mais agressiva do heavy metal tradicional – o thrash metal – ganharam notoriedade e, mesmo com direcionamento similar, desenvolveram caminhos distintos na música.
No caso do Heathen, desde 'Breaking the Silence', de 1987, os principais atributos da banda já ficaram em evidência. Ou seja, um som baseado em um thrash metal mais técnico e, principalmente, carregado de influências do metal tradicional; David Godfrey-White se diferenciava por suas linhas vocais mais melódicas e menos agressivas – quando comparadas com outras bandas de thrash, claro.
Com uma longa 'introdução cinematográfica', "Hypnotized" abre o disco e, desde os seus primeiros segundos, já denuncia que um som intricado vem a frente. O timbre pesado das guitarras em oposição as abundantes sessões melódicas, dão a tônica por aqui e mostram uma evolução clara em relação ao seu trabalho de estreia.
Em seguida, "Opiate of the Masses" apresenta toda a pegada dos guitarristas Lee Altus e Doug Piercy que revezam-se com constância em meio a riffs e solos. Sem dúvidas, o destaque são as bases de guitarra. Paralelamente ao instrumental, vale a pena mencionar a ótima letra da música.
Curiosamente, "Victims of Deception" fora muito comparado, na época, com o disco "And Justice for All" (1988), do Metallica, pelo peso e variação de suas composições. Além disso, um dos fatores que, talvez, tenha contribuído com essa comparação tenha sido a pegada dos riffs desse álbum.
Faixa mais longa do registro, "Heathen's Song" é uma boa síntese do trabalho dos americanos neste momento: cheia de variações e, também, mescla peso e melodia. Aqui o trabalho dos vocais de David Godfrey-White, pela primeira vez, rouba atenção do ouvinte - não que fosse fraco nas outras faixas, mas, sem dúvidas, as guitarras 'soltam aos ouvidos'.
Um cover em meio ao disco? Algo arriscado, talvez. Principalmente se a faixa escolhida for clássica. Desnecessário falar que "Kill the King" é uma das composições mais lembradas da lendária banda Rainbow. O resultado da releitura? Excelente, em minha opinião. Pouca coisa fora mudada, é verdade. No entanto, a banda conseguiu manter a excelência da canção e, também, injetar uma considerável dose de peso – algo muito válido, diga-se de passagem.
Em seguida, a ótima "Fear of the Unknown" mantém o pique do início. A esta altura, talvez soe um pouco repetitivo, certo? Pancada atrás de pancada. Logo na introdução de seu dedilhado inicial, "Prisoners of Fate" evoca uma nova aura ao disco. Balada muitíssimo bem trabalhada, a música mostra como investir no formato de uma maneira, digamos, não tão previsível. Além da melhor performance vocal de Godfrey-White no disco, a música ainda conta com belos solos – em especial o que encerra a canção, aliás o encerramento inteiro é incrível. Um dos destaques deste registro, sem dúvidas.
Após uma introdução 'classuda' de bateria, "Morbid Curiosity" se sobressai por um padrão mais direto, digamos. Destaque tanto para o refrão quanto para os excelentes, como sempre, riffs de guitarra. Até então, através dos solos, é notável a influência neoclássica dos guitarras da banda, certo? A instrumental "Guitarmony" é a total prova dessa influência: a composição soa como um Cacophony – clássica banda de metal/hard rock neoclássico – mais comedido e embalado com bases bem pesadas.
Fechando o trabalho ("Mercy is No Virtue"), como de praxe, é agressiva e cheia de variações. Curiosamente, a música me faz refletir e traçar um paralelo sobre a situação do Exodus, pois soa como alguma composição moderna da banda. Talvez o fato do guitarrista Lee Altus, atualmente, também tocar no Exodus tenha feito a famosa banda de thrash incorporar alguns elementos do Heathen. Quem sabe?
"Victims of Deception" é um daqueles discos que, no seu movimento, não dá pra entender o motivo de seguir sendo tão pouco lembrado. Verdade seja dita: o grupo chegou um 'pouco atrasado' e, talvez por isso, não tenha colhido os frutos da fase áurea do estilo. No geral, um daqueles discos que, felizmente, não possui altos e baixos. Pouco após este registro, a banda se dissolveu. Felizmente, após idas e vindas, os caras voltaram de verdade e, inclusive, lançaram um ótimo álbum, o "The Evolution of Chaos", de 2009.
Se você é fã de heavy metal pesado, com guitarras 'na cara' e, ainda assim, bastante melódico, "Victims of Decepcion" pode ser uma grande descoberta para você. Daqueles discos que não possuem momentos decepcionantes, mas que, inevitavelmente, pode cansar pela linearidade e longa duração das composições. No mais, excelente.
Músicas-chave:
"Prisoners of Fate" ; "Morbid Curiosity" ; "Heathen's Song"
Formação:
David Godfrey-White – vocais
David Godfrey-White – vocais
Lee Altus – guitarra
Darren Minter – bateria
Marc Biedermann – baixo
Tracklist:
2. Opiate of the Masses 07:50
3. Heathen's Song 09:27
4. Kill the King (Rainbow cover) 03:35
5. Fear of the Unknown 07:08
6. Prisoners of Fate 06:21
7. Morbid Curiosity 06:28
8. Guitarmony 03:31
9. Mercy Is No Virtue 06:29
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