sábado, 21 de agosto de 2010

Resenha: Nevermore - The Obsidian Conspiracy

Ano de lançamento: 2010

Passaram-se cinco anos desde "This Godless Endeavor" (2005), devido a sua alta qualidade criou-se grande expectativa em torno de um novo lançamento. Em meio a essa expectativa e inúmeras cobranças o Nevermore ainda passou por um período turbulento, no qual doenças e troca de membros estiveram presentes. Some isso com o lançamento dos álbuns solo de Warrel Dane (vocal) e Jeff Loomis (guitarra). Houve preocupação por parte dos fãs com o futuro da banda e sobretudo com o lançamento deste álbum, que por conta de todos esses fatores teve o seu lançamento atrasado. Será que a preocupação dos fãs fez sentido?

Logo na abertura do álbum "The Termination Proclamation" e "Your Poison Throne" apresentam o direcionamento do novo disco, que diferente do anterior é menos orientado paras as guitarras. O que não significa que as linhas estejam simplistas ou algo do tipo, as músicas estão apenas mais diretas, remetendo o álbum "Enemies of Reality" (2003). Os riffs continuam pesados e técnicos - vide abertura da primeira faixa - cortesia de Jeff Loomis; que mistura guitarra rítmica e solo como poucos. Algo a ser levado em consideração é o fato das seis cordas serem comandadas exclusivamente por Loomis.


O vocal de Warrel Dane é bem explorado, estando próximo do que ele fez em seu trabalho solo. Para exemplificar tem-se em "The Termination Proclamation" um belo refrão e uma das interpretações mais raivosas feitas por Dane. "Your Poison Throne" também possui linhas vocais mais agressivas que as habituais. Van William (bateria) se destaca mostrando um trabalho de bateria agradável, ora individualmente, ora contribuindo (ainda mais) com o peso das músicas.



Moonrise (Through Mirrors Of Death)" é ainda mais interessante que as faixas anteriores, seu refrão tem uma excelente melodia e figura entre um dos melhores. Novamente o peso intercalado com a acessibilidade chama a atenção. Eis um grande diferencial do Nevermore: ser incrivelmente pesado e ainda assim soar agradável. Ponto para o produtor Andy Sneap, sempre extraindo um ótimo som dos instrumentos e da banda no geral.

"And The Maiden Spoke" conta com a maior "interação" bateria Vs. guitarra do álbum. Ambos os instrumentos destacam-se de uma forma geral. Pena que o refrão não é tão forte quanto o restante da música.

A quinta faixa "Emptiness Unobstructed" é o primeiro single do álbum. Trata-se de uma típica power ballad, alternando momentos mais limpos e leves, com outros mais pesados. Sua estrutura mostra-se bem "radio friendly", com o refrão iniciando a música - os mais atentos notarão que sua progressão de acordes remete a "The Heart Collector".

O Nevermore acertou em escolhe-la como música de trabalho. A interpretação dramática de Warrel casa bem com o tom melancólico da letra. Destaco a qualidade de Dane como letrista, talvez por sua formação (em filosofia, teologia e sociologia) as letras da banda tenham uma qualidade ímpar, destacando-se facilmente de outras outras bandas do gênero.

"The Blue Marble And The New Soul" é mais lenta que as anteriores e é uma das mais distintas do álbum. Possui um destaque maior do baixo e um excelente jazzy solo por parte de Loomis, que culmina no climax da música. Esta canção, dentre todas as do álbum, é a que mais soa como a fase antiga do Nevermore, pra ser mais específico lembra-me um pouco "Matricide".


A sétima faixa é, na minha opinião, a melhor música do disco. Uma síntese perfeita, em quatro minutos, do Nevermore pós "Dead Heart In A Dead World" (2000) que chama-se "Whitout Morals". Uma faixa incrivelmente pesada e cativante, com uma excelente (e raivosa) letra. No meio de tantos excelentes refrões, o refrão de "Without Morals" consegue sobressair-se. Além de tudo a música não soa previsível e o solo de Loomis é um dos melhores do álbum, assim como sua extensão melódica. Esta faixa seria uma ótima candidata a música de trabalho.

"The Day You Built The Wall" soa bem "a parte". Trata-se de uma música pesada, porém arrastada e soturna... até demais. Com Warrel explorando mais seus vocais graves. e a guitarra tocando uns bons riffs. Contudo, ela é um pouco cansativa.

Já no fim do álbum temos "She Comes In Colors" e a faixa-título. A primeira engana com seu começo "baladeiro", com Dane enfatizando seus vocais graves acompanhado de um violão. Harmônicos naturais servem de ponte para a transição mais pesada da música... até surgir o melhor riff do álbum. Confesso que senti falta de um riff tão cativante assim nas outras faixas, o modo como a bateria o completa o torna ainda mais interessante. Seu solo de guitarra (o melhor do álbum) me lembrou bastante o de "Sentient 6". Música presente em "This Godless Endeavor".

"The Obsidian Conspiracy" é a mais caótica (no bom sentido) dentre todas. Sua introdução é de tirar o fôlego, com Loomis disparando riffs e pequenos leads. Essa é a faixa com maiores variações e complexidade em todo o álbum, principalmente na guitarra. Pode-se dizer que fecha o álbum com chave de ouro.

Em suma, "The Obsidian Conspiracy" é um álbum único. Temos no disco músicas que remetem a fases antigas da banda e outras que soam "inéditas". Ao ouvi-lo tem que ter-se em mente que a proposta não é a mesma de "This Godless Endeavor", álbum que teve um trabalho de guitarras mais intenso pelo fato de possuir outro guitarrista (Steve Smyth).

Neste álbum o Nevermore, aparentemente, buscou dar uma maior acessibilidade a sua música, o que não é algo necessariamente negativo, visto que a boa qualidade foi mantida. Por consequência tem-se uma diversidade maior na discografia da banda. Creio que alguma comparações com o álbum solo de Warrel Dane serão feitas, por conta da já falada acessibilidade. Enfim, para quem não conhece a banda "The Obsidian Conspiracy" é uma ótima pedida pra começar.
Para quem já conhece... "apenas" mais um álbum excelente.

Espero que com esse lançamento o Nevermore arremate mais ouvintes, porque é vergonhoso uma banda com tamanha qualidade (liricamente e musicalmente) ser ainda tão pouco valorizada dentro do próprio gênero, sobretudo em nosso país. Jeff Loomis é um dos maiores nomes da guitarra na atualidade e prova isso neste álbum. Apesar de não termos aqui as "viagens guitarrísticas" de "This Godless Endeavor", Loomis destacar-se com belos riffs e solos.



-Edição Limitada-
O destaque da versão de luxo de "The Obsidian Conspiracy" é a inclusão das faixas "Crystal Ship" e "Temptation". Tratam-se de covers do The Doors e The Tea Party, respectivamente. O Nevermore tem um histórico de boas versões. Ambas as músicas soam como composições da banda e encaixam-se no contexto do álbum.
Além das faixas bônus a "deluxe edition" conta ainda com um CD2 ("Play the Guitar Like Jeff Loomis"), bônus especial para guitarristas, que inclui versões alternativas (com e sem guitarras) de "The Obsidian Conspiracy" e "Your Poison Throne". Outros atrativos são: vídeos com Jeff Loomis tocando as músicas; tablaturas; arte do álbum no geral - sobretudo nessa versão de luxo.

-Bônus do Japão-
No Japão, além dos covers, uma faixa intitulada "The Purist's Drug" também foi inclusa. Trata-se de uma música bem atmosférica, com boas linhas de baixo. Pena que saiu apenas na versão japonesa, pois é uma boa canção.

Nota:
8,5

Músicas-chave:
Without Morals ; She Comes in Colors ;
Emptiness Unobstructed (vídeo)

Formação:
Warrel Dane - Vocais
Jeff Loomis - Guitarra
Jim Sheppard - Baixo
Van Williams - Bateria


Tracklist:
1. The Termination Proclamation 03:12
2. Your Poison Throne 03:54
3. Moonrise (Through Mirrors of Death) 04:03
4. And the Maiden Spoke 05:00
5. Emptiness Unobstructed 04:39
6. The Blue Marble and the New Soul 04:41
7. Without Morals 04:19

8. The Day You Built the Wall 04:23
9. She Comes in Colors 05:34

10. The Obsidian Conspiracy 05:16
11. Temptation (The Tea Party cover) 02:46
*
12. Crystal Ship (The Doors cover) 03:26 *
13. The Purist's Drug (4:44) **

Tempo total: 51:13

2 comentários:

  1. Preciso falar algo?
    É Nevermore, como sempre um ótimo álbum, pra mim o melhor do ano!
    Ótima resenha, falou perfeitamente de cada faixa!
    \,,\

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  2. Curto MUITO esse album do Nevermore. Desde quando lançou ele ainda não saiu do meu MP3. Banda foda, album foda. Queria era assistir isso ao vivo <>

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