domingo, 8 de agosto de 2010

Rush: Beyond the Lighted Stage (documentário)

Rush: A banda “cult” mais popular do mundo?!
por Thiago Pimentel


Banger Productions

Direção: Sam Dunn & Scot McFayden
Tempo: 107 minutos
País: Canadá
Idioma: Inglês
Gênero: Documentário
Data de lançamento: 10/06/10



O documentário, intitulado Rush: Beyond the Lighted Stage, é a mais nova empreitada do antropólogo, músico e cineasta Sam Dunn. Seus trabalhos anteriores obtiveram grande repercussão e boas críticas, tamanha a qualidade e profundidade dos mesmos. Tal profundidade pode ser, parcialmente, explicada pelo fato de Sam ser fã do segmento mais pesado do rock – foco de seus trabalhos, até o momento – e decidir unir seus conhecimentos de antropologia a esta sua paixão.

O filme tem por objetivo exibir a história do trio canadense composto por Geddy Lee (vocal, baixo e teclado), Alex Liffeson (guitarra) e Neil Peart (bateria). Devo salientar que o seu trunfo é o fato de ir muito além de cumprir essa mera função. Há um equilíbrio muito grande em apresentar o lado musical e o estado das mentes dos indivíduos envolvidos.

Tal como alguns de seus antigos títulos há a divisão em capítulos. Capítulos estes que, para melhor compreensão, seguem uma ordem cronológica dos fatos. O início do documentário tem como foco Geddy e Alex, que desde a juventude são grandes amigos, que compartilham a peculiaridade de serem estranhos – perante o resto dos jovens – e que através da música descobrem seus talentos e inspiração para seguir uma vida diferente. É fácil ocorrer identificação do receptor com ambos, visto que eles são jovens tímidos e simples passando por situações do cotidiano.
Aspectos como o conflito familiar e a dificuldade em sobreviver como uma banda oriunda do Canadá, assim como o preconceito que os canadenses nutrem com conteúdo nacional (fazer sucesso nos EUA é uma necessidade) são abordados logo no início do filme.
Um grande chamariz desse documentário é a seleção de convidados, que conta com músicos influenciados pelo Rush ou que participaram da história da banda (Genne Simmons, por exemplo). Dentre os presentes destacam-se as participações de Mike Portnoy (Dream Theater); Jack Black (Tenacious D) Billy Corgan (Smashing Pumpkins) e na primeira parte do vídeo: Genne Simmons (Kiss).
A edição é excelente, alternando bem a exibição dos fatos com entrevistas – realizadas com os próprios membros das bandas ou outras pessoas – e episódios marcantes são bem explorados, tal como a saída do primeiro baterista (e também fundador da banda) John Rutsey, por problemas de saúde, para a entrada de Neil Peart. Um jovem tímido, ainda mais estranho que Geddy e Alex, exímio baterista, fascinado por literatura e principalmente: Ayn Rand. Fato este que contribuiu para Neil tornar-se o principal letrista do Rush. Dentre outros episódios narrados ao longo do vídeo, destacam-se:
- O investimento em um som muito complexo, a partir do “Caress of Steel” (1975), deixando a banda em baixa e a gravadora furiosa. Posteriormente a “libertação artística” do Rush com o lançamento de “2112” (1976), que incluía uma faixa com mais de 20min.
- O envolvimento da banda com a new wave, após o aclamado “Moving Pictures” (1981) - resultando na famosa “fase dos teclados” - um período rejeitado pelo maioria dos fãs.
Dentre os acontecimentos negativos da história banda, nenhum tem impacto tão forte quanto a morte de Selena - filha de Neil Peart - em um acidente de carro, enquanto a banda divulgava o álbum “Test for Echo” (1996). Um ano após esse fato a esposa de Neil Peart viria a falecer. Todo o drama passado pelo reservado baterista foi mostrado, tendo esse fato atingindo a banda como um todo, durante aqueles anos o Rush ficou na “geladeira”. Após esse período conturbado, ocorre a grande reviravolta com o lançamento de “Vapor Trails” (2002) e o regresso do Rush aos palcos.
Saliento que um dos shows mais incríveis do Rush ocorreu no Brasil, assustando a banda que não tinha noção da popularidade que possuía aqui. Afinal, um público que canta uma música instrumental, como "YYZ", causa espanto no primeiro encontro.
É impossível, para quem aprecia o Rush, não ter vontade de ouvi-los enquanto assiste este vídeo. Confesso que, após ouvir pequenos trechos das músicas do Rush exibidas no filme, parei, e por várias vezes fui escutar a banda.
O documentário finaliza com reflexões sobre o Rush ser uma banda marginalizada pela mídia - um dos tópicos mais abordados ao longo do vídeo – apesar de sua alta popularidade e sempre ter lançado álbuns com um nível elevado, tanto liricamente quanto musicalmente. Os próprios membros da banda concluem que o que realmente vale é o julgamento das pessoas e não dos críticos que constantemente taxaram/taxam o som da banda como antiquado.
É difícil não ficar fascinado com este trio, que apresenta um comportamento a parte: são totalmente diferentes da maioria das bandas famosas de rock, estando por mais de 20 anos com a mesma formação. Apesar de monstros em seus respectivos instrumentos, a realidade exibida é que eles são tão normais que... espanta.
Podemos concluir que trata-se de um excelente documentário, tanto para quem aprecia o trabalho da banda, quanto para curiosos de uma forma geral. Não é a toa que conquistou prêmios como o "Tribeca Film Festival", na edição deste ano. Apresentarei algumas citações para encerrar essa análise:
"Os melhores documentários são aqueles em que os personagens 'saltam' da tela e é exatamente isso que ocorre com esta produção" Nancy Schafer (diretora-executiva do Tribeca Film Festival).
"Foi ótimo ver fãs e não-fãs da banda vendo o documentário juntos e se divertindo" McFadyen e Dunn.
Enfim, altamente recomendável. Não usarei o sistema de notas aqui, porque não se faz necessário.
Confira aqui o trailer do documentário.

Nota: O título do post é uma frase, dita por Geddy Lee, em tom sarcástico.
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Músicos que participam do documentário:
Billy Corgan (The Smashing Pumpkins); Danny Carey (Tool); Genne Simmons (Kiss); Jack Black (Tenacious D); Jason McGerr (Death Cab for A Cutie); Jimmy Chamberlin (The Smashing Pumpkins); Kirk Hammett (Metallica); Kim Mitchell (Kim Mitchell, Max Webster); Les Claypool (Primus); Mike Portnoy (Dream Theater); Sebastian Bach (Skid Row); Taylor Hawkins (Foo Fighters); Tim Commerford (Rage Against The Machine); Trent Reznor (Nine Inch Nails); Vinnie Paul (Pantera); Zakk Wylde (Black Label Society).

2 comentários:

  1. Vou tirar um tempinho pra poder assistir, deu vontadinhaaaaa :)

    Adorei o post. Já disse q vc escreve bem???

    Bjocas

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