domingo, 17 de junho de 2012

Resenha: Kreator - Phantom Antichrist

Ano de lançamento: 2012

A discografia do grupo capitaneado pelo vocalista e guitarrista Mille Petrozza é extensa e, sobretudo, peculiar; em mais de doze lançamentos, o "Kreator" - sempre sob a supervisão de seu líder - cravou seu nome como um dos principais expoentes do metal europeu, assim, moldando o tão característico thrash metal germânico enquanto, paralelamente, arriscava-se em experimentalismos que renderam -  em boa parte dos anos 90 - uma fase controversa  e pouco aceita pelos fãs. 

Todavia, no lançamento de "Violent Revolution", em 2001, a banda fixou, depois de anos de troca-troca, a formação dos músicos e conseguiu unir o melhor de sua obra - o extremo, o experimental e o melódico - em um disco que foi, e ainda é, amplamente bem quisto entre o público.

Por qual motivo iniciar a resenha citando outro álbum? Simples, pois desde então o "Kreator" prossegue, lançamento após lançamento, mais estável do que nunca e esse registro atesta isso.

"Phantom Antichrist", o quarto lançamento dessa fase, tem seu início com uma breve introdução ("Mars Mantra") que, pouco a pouco, une-se a faixa título do disco que, segundo Mille, possui referências a Osama Bin Laden. Apesar do bom início - com Mille urrando o título da música, como de costume -, as canções seguintes apresentam melhor a proposta do álbum; por exemplo, "Death to the World" - uma das mais furiosas do disco -  e "From Flood into Fire" exibiriam a velocidade costumeira ao "Kreator", porém com doses altas de melodias e experimentalismo - ouça a ponte cantada de forma limpa por Petrozza na segunda faixa citada, por exemplo.


A característica bateria de Ventor introduz a próxima canção ("Civilisation Collapse") que, juntamente a "United in Hate", reforçam ainda mais a ideia de que o 'Kreator' quis prosseguir com sua fórmula, porém adicionando novas ornamentações e adornos as suas composições. A última, em especial, chama atenção por sua intro (em violão) e o furioso refrão que, na forma de um grito quase a cappella e prolongado - como Mille Petrozza costuma fazer em execuções ao vivo, aliás - encerra a faixa.
Após esse 'bloco de músicas', o álbum segue ainda mais melódico e orientado ao metal tradicional - para comprovar, ouça "The Few, The Proud, The Broken", com a melhor performance vocal de Petrozza, e "Victory Will Come". A última composição ("Until Our Paths Cross Again") traz melodias tão peculiares que remeterá ao ouvinte mais atento grupos do chamado folk metal e, além disso, apresenta um tipíco refrão grudento para ser entoado em coro. Ótima faixa.
Em suma, "Phantom Antichrist" é um disco coeso - ou seja, sem enrolações - que reflete o bom momento em que a banda se encontra e, em minha opinião, mostra-se superior ao seu antecessor - o  álbum "Hordes of Chaos" (2009) - mas, ainda assim, inferior a discos como "Enemy of God" (2005) e "Violent Revolution" (2001). Alguns dirão que trata-se de um trabalho mais-do-mesmo? Sim, o "Kreator" reutilizou a fórmula de alguns discos passados - citados logo acima, a propósito -, porém o modo como as melodias foram trabalhadas e certas passagens incomuns foram inseridas deram novos ares a obra. Liricamente, o disco segue o padrão de libertação e revoltas internas comuns ao trabalho da banda.

No geral, há, aparentemente, mais esforço coletivo do que destaques individuais. Entretanto, o trabalho vocal chama atenção tanto pela variedade quanto pela interpretação; dentro de suas limitações, Mille fez o melhor possível indo além aos tradicionais gritos rasgados e, consequentemente, remetendo sua performance em discos como "Endorama" (1999) e "Outcast" (1997), ou seja, álbuns que mostravam mais suas vocalizações limpas. Obviamente, o flerte com o metal tradicional - já admitido por Mille Petrozza em entrevistas -, tira o foco nos riffs secos e na agressividade típica ao thrash metal o que desagradará uma parcela do público. Recomendado, principalmente, a quem gosta de todas as fases do 'Kreator'.

A versão limitada  traz DVD bônus com making of e filmagens no W.O.A


Músicas-chave:

Formação:
Mille Petrozza  - vocais, guitarra
Sami Yli-Sirniö - guitarra, violões, vocais de apoio
Christian "Speesy" Giesler - baixo
Ventor - bateria


Tracklist:
1. Mars Mantra 01:18  
2. Phantom Antichrist 04:31
3. Death to the World 04:53   
4. From Flood into Fire 05:26   
5. Civilization Collapse 04:13   
6. United in Hate 04:31  
7. The Few, the Proud, the Broken 04:37   
8. Your Heaven, My Hell 05:53   
9. Victory Will Come 04:14  
10. Until Our Paths Cross Again 05:49






Também pode ser acessada em:
http://whiplash.net/materias/cds/157349-kreator.html

5 comentários:

  1. Eitaporra, resenha fresquinha.

    Como sabes, ando afastado da cena metálica. Meu apreço pelo Kreator pode ser medido pelo fato de meu nick nos tempos de whiplash ser "Beto Petrozza". Contudo, perdi o interesse pela banda, assim como aconteceu com o Opeth.

    Conheci o Kreator na época do "Violent revolution", disco que considero tão bom quanto os melhores da década de 80 (embora irregular), e melhor que aqueles na produção matadora de Andy Sneaps. Porém, não sou fã do "Enemy of god". Não que seja um disco ruim, mas li (acho que no próprio whiplash) o Mille afirmar que seria uma mistura do Violent com o "Pleasure to kill". Pura mentida. Embora mantenha a agressividade do disco anterior, o Enemy investe em demasia na melodia EM DETRIMENTO do peso (não afirmo que melodia e velocidade sejam auto-excludentes, mas é isso que ocorre nesse disco).

    Por sua vez, "Hordes of Chaos" foi um disco que baixei e pouco ouvi (assim como Heritage do Opeth) e acabei não comprando. Talvez nem seja tão ruim, mas me irritou deveras. Embora tenha percebido que tens mais boa vontade com os últimos trabalhos do Kreator que eu, deves concordar comigo que entre violent, Enemy e Hordes, embora haja a estabilidade que citaste (tbm pelo fato de a banda não ter mudado de formação), ouve uma paulatina queda na inspiração: o primeiro citado é melhor que o segundo, o qual, por sua vez, supera o terceiro. Vou ouvir atentamente o disco e espero que p/ o MEU gosto ele supere o enemy. Assim, quem sabe eu volte ao Hordes.

    Quando ouvir, voltarei aqui p/ comentar.

    ResponderExcluir
  2. Cara, eu gosto bastante do EoG e, sinceramente, não acredito que esse disco superou ele. Pessoalmente, senti falta doses de agressividade do EoG e aquelas linhas de bateria 'na cara'.

    Contudo, como falei na resenha, achei este disco superior ao 'Hordes of Chaos' que, excetuando umas 3 faixas, eu mal escuto hoje em dia. Há uma diferença crucial no uso das melodias neste disco: aqui elas não soam piegas e sem graça como boa parte das melodias presentes no HoC.

    Concordo com você, mas, como falei na resenha, os elementos novos - não tão novos assim, na verdade - inseridos nesse disco me agradaram bastante... foram pequenos detalhes, claro... mas já é alguma coisa. Pessoalmente, achei a faixa título uma das menos inspiradas. Por fim, atente as faixas que eu destaquei, pois elas possuem elementos interessantes. De antemão digo: não vá esperar uma obra prima.

    PS: Meu favorito do Kreator é o Extreme Aggression.

    Bem, é isso. Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Saquem só isso:

    http://www.youtube.com/watch?v=yr7jgGCYonI

    ResponderExcluir