terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Resenha: Rage - End of All Days

Ano de lançamento: 1996

Subestimado por grande parte dos admiradores da música pesada, o Rage, timidamente, construiu uma das discografias mais sólidas e, sobretudo, extensas do gênero.

E, em meio a tantos títulos, "End Of All Days" é um dos trabalhos essenciais da banda germânica capitaneada por Peter "Peavy" Wagner - vocalista, baixista e responsável por assinar praticamente todas as composições do disco; enfim, o músico é, sempre foi e, até os últimos dias da banda, sempre será o "Rage".

De fato, o começo dos anos 90 fora um período não muito frutífero para a maioria das bandas de heavy metal. Entretanto, o mesmo não se aplica ao "Rage"; afinal, foi durante essa época que o grupo estabilizou seu estilo e gravou uma sequência de álbuns memoráveis, sendo um deles - o "Black in Mind", de 1995 - lançado no ano anterior a esse trabalho. Ainda em 1996, o "Rage" também realizara seu primeiro experimento em conjunto com a orquestra sinfônica de Praga, a "Lingua Mortis". Ou seja, apesar dos pesares, essa época foi de suma importância para a carreira da banda.

Não fugindo a regra de grande parte dos álbuns desse período, "End of All Days" foi um disco longo - com 14 faixas -, mas nenhuma das composições soa como mera figurante, 'tapa buraco'. Logo de ínicio,  a pesada "Under Control" surpreende tanto por preservar a tendência de riffs mais agressivos - iniciada, mais ou menos, durante 0 "Black in Mind" -, quanto pela boa produção.

A segunda faixa, trata-se de, até hoje, um dos clássicos mais queridos entre os fãs da banda, "Higher than the Sky". E não é por menos, pois trata-se de uma música extremamente grudenta - atente a melodia do refrão - e assimilável em seus poucos mais de quatro minutos; inclusive remetendo, mais do que nunca, o heavy metal tradicional. 

Aliás, a tarefa de 'rotular' esse trabalho é complicada; afinal, não é apenas power metal - pouco remete aos trabalhos das bandas conterrâneas alemãs deste gênero -, mas também não pode ser definido como heavy metal tradicional e, apesar de certas influências em alguns riffs, nunca poderia ser definida como thrash metal.

Os refrões, como de praxe na carreira do "Rage", são o trunfo de boa parte das canções do disco; a maioria deles soam melódicos e grudentos. A faixa título e, a extremamente melódica, "Silent Victory" são bons exemplos disso. O ouvinte familiariazado com o Rage dos anos 80 certamente estranhará os vocais de Peavy; eles já não soam tão altos, agudos e estridentes como outrora... e isso, definitivamente, não é demérito, pois a interpretação do frontman, durante a  balada 'pianística' "Fading Hours" - responsável por fechar o álbum - e na depressiva "Deep in the Blackest Hole", é incrível. 

Já o trabalho da dupla de guitarras, formada por Spiros Efthimiadis e Sven Fischer, pode não ser virtuoso - como o de um Victor Smolki, por exemplo -, mas rendeu ótimos solos, riffs e melodias ao disco. Atente as faixas "Face Behind the Mask" - com um 'senhor' refrão - e a pesada "Desperation" - sendo esta último um belo exemplo do raro equilíbrio entre peso/melodia. 

Falei que os refrões realmente bons? Sim. Mas não citei todos os exemplos: a quarta música ("Visions") também possui um grande e poderoso refrão, fora os ótimos riffs e variações. No geral, as letras de Peavy em "End of All Days" são simples, mas demonstram emoções diversas; variam desde temas depressivos, a esperançosos. Todavia, a melancolia sobressai-se.
 
Apesar de possuir estruturas bem similares entre a maioria das músicas - verso limpo, refrão distorcido  -, as composições são tão boas e cativantes que tal detalhe facilmente passará despercebido durante a audição integral do álbum. Também é neste disco que nota-se o total amadurecimento de "Peavy" como compositor; é verdade que ele sempre assinou grande parte das músicas do "Rage", mas aqui o número de acertos é ainda maior e as doses de feeling - recacapitulando: ouça a terceira faixa, "Deep in the Blackest Hole"; a quarta, "End Of  Days"; a sexta, "Desperation" e a última, "Fading Hours"-, nessas proporções, são inéditas.
 
É fã de heavy metal? Gosta de peso e melodia bem dosadas? Experimente ouvir "Rage", especificamente, a fase a partir dos anos 90 e, sendo ainda mais específico, ouça o excelente "End of All Days".



Formação:
Peter "Peavy" Wagner  - vocais, baixo
Spiros Efthimiadis - guitarras
Sven Fischer - guitarras
Chris Efthimiadis - bateria


Tracklist:

1. Under Control 04:06
2. Higher than the Sky 04:19
3. Deep in the Blackest Hole 04:24
4. End of All Days 04:45
5. Visions 04:17
6. Desperation 04:56
7. Voice from the Vault 05:37
8. Let the Night Begin 03:54
9. Fortress 03:56
10. Frozen Fire 03:43
11. Talking to the Dead 03:57
12. Face Behind the Mask 03:38
13. Silent Victory 04:55   
14. Fading Hours 06:31  


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Um comentário:

  1. O que falar heim? Uma das bandas mais fodas e esse é o cd mais foda pra mim. Todo o cd é bom, não precisa pular uma faixa se quer. Me deu vontade de ouvir aqui ahauhauah.
    Curto de fato todos os cds do Rage. Alguns mais, outros menos, alguns tiveram seus momentos e outros ouço mais hoje em dia, mas todos são bons e Rage é vida, ponto final.

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