terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Resenha: Opeth - Opeth In Live At Royal Albert Hall (DVD)

Ano de lançamento: 2010

A execução integral de álbuns clássicos, seja em um show especial ou em uma turnê inteira, vem tornando-se uma prática comum entre as bandas de rock/heavy metal. Prova disso são nomes como "Rush", "Megadeth", "Metallica" e "Slayer" - que renderam-se a ideia executando seus álbuns mais famosos. 

Em seu terceiro lançamento em DVD  - o primeiro foi "Lamentations" (2005) e o segundo "The Roundhouse Tapes" (2007) - os suecos do "Opeth" aproveitaram tal ideia como forma de celebrar seus 20 anos de atividade. No caso do grupo liderado por Mikael Åkerfeldt (vocais e guitarra) o  álbum escolhido foi o aclamado "Blackwater Park" (2000) -  cujo lançamento, na época, completava 10 anos. 

As faixas de "Blackwater Park", disponíveis no DVD1 do lançamento, foram tocadas de forma ininterrupta - respeitando rigorosamente a ordem do CD  - e  não houve espaço para interação com a platéia. Tal fato deve ter causado estranhamento em quem sabe como o Mikael se comporta nos shows - o cara fala pacas!  

Canções como "Dirge for November" - cujos mp3 e vídeo foram liberados como prévia - e "The Funeral Portrait" foram as grandes novidades pelo fato de, normalmente, não serem executadas pela banda. Já músicas como "Bleak" e "The Drapery Falls" - as mais "queridinhas" do público, digamos assim - receberam uma ótima resposta do público. 


 Algumas das músicas vistas em outros DVDs aqui ganharam uma versão mais sólida.  Foi o caso de "The Lepper Affinity", cujo solo de piano em seu encerramento foi incluso, e "Harvest". Esta última com uma performance vocal  (limpo) superior a vista em "Live Lamentations".  Completa o primeiro DVD uma entrevista, cujas perguntas foram  feitas por fãs, com Mikael.

Quanto a performance individual dos membros não há  muito o que comentar: o "Opeth" é uma das melhores bandas "ao vivo" da atualidade. A música da banda é complexa, mas mesmo assim o nível é mantido sempre. Esse DVD também apresenta o guitarrista Fredrik Åkesson - que não havia participado de nenhum outro vídeo do grupo -, que revela-se um grande guitarrista ao vivo e, inclusive, tecnicamente superior ao seu antecessor (Peter Lindgren).

Deixo uma observação a respeito da vocalização gutural de Mikael: aqui ela encontra-se menos "intensa" - mas bem longe de ruim - em relação aos outros DVDs do grupo. As principais afetadas foram as músicas iniciais do concerto. Em contrapartida seus vocais limpos estão no seu ápice.



Quem nunca viu a performance da banda com certeza deverá se assustar com a facilidade que Åkerfeldt transita entre o canto extremamente limpo e o gutural agressivo.  Tal dualidade é um dos maiores diferenciais do som do "Opeth". Isso em todos aspectos, não apenas no canto.



O segundo DVD trata-se de uma espécie de retrospectiva da história do grupo. Explicando: a banda executa uma canção de cada disco, respeitando a ordem de lançamento, e Mikael adiciona comentários sobre a época em questão. Inclusive aproveitando-se disso para apresentar os membros. Petardos como "Forest of October" - que versão! - e "The Moor" - incrível como essa complexa canção, cheia de variações e linhas de guitarra foi executada ao vivo - são os destaques desse DVD.  Mais a frente a banda ataca com a agressiva "Wreath", destaco Martin Axenrot (bateria) - o cara destruiu tudo aqui - e a bela "Hope Leaves"  - que foi incrementada com um ótimo solo de Frederick Åkesson em seu fim. 

Além desse grande chamariz (a execução de "Blackwater Park") a casa de show escolhida também chama atenção: o lendário "Albert Hall" já foi palco de inúmeros shows e peças teatrais na Inglaterra. Monstros do rock n' roll como "Deep Purple" - veja a homenagem com a capa -, "Creedence Clearwater Revival" e "Camel" já registraram apresentações na histórica casa londrina. Mas quem ia imaginar que um grupo de prog death metal (ou seja lá como você queira rotular a banda) iria tocar em um local desses? Indagação esta, inclusive, comentanda por Mikael ao longo da apresentação.

Dos discos mais recentes - "Ghost Reveries" (2005) e "Watershed (2008)" - as representantes foram: "Reverie/Harlequin Forest" e "The Lotus Eater" respectivamente. A primeira, na minha opinião, trata-se de uma das melhores composições da banda e não costumava ser tocada ao vivo na turnê de seu álbum de origem. É uma canção bem melódica e progressiva - aqui os teclados são essencias para criar camadas sonoras - e seu outro (finalização) é espetacular.  Já a segunda, iniciada com uma melodia cantada, mescla muito bem as origens pesadas e progressivas da banda - vide a parte instrumental no meio da música. O curioso foi a demora para arrumarem a guitarra de Frederick, fato este que fez a canção alongar-se um pouco.

Homenagem ao "Camel" no encarte
 


Completam o segundo DVD uma espécie de documentário com a banda cujo foco seria a gravação deste show. O vídeo extra mostra como foi a preparação da casa, como os membros se portaram, dentre outra coisas. Interessante no contexto da obra.

Capa original do "Deep Purple"


Enfim, "In Live Concert At The Royal Albert Hall" firma o "Opeth" como uma das bandas mais competentes ao vivo e uma das mais relevantes do estilo na atualidade. São dois "sets" perfeitos, leve em consideração que só uma música padrão da banda (com uns 10min. e cheia de variações) já seria um enorme desafio pra uma banda de rock/heavy normal. Claro que a já comentada energia no vocal assusta - por menor que seja -, porque os caras são os mais próximos de perfeitos que pode-se exigir de uma banda ao vivo.

O "Blackwater Park" pode ser não ser o seu álbum favorito do "Opeth" - e não é o meu -, mas é um divisor de águas na carreira da banda. Fato. Parabéns a banda que conseguiu realizar - mais um - lançamento especial e diferenciado para seus fãs.

Nota: 9,5 



Formação:
 Mikael Åkerfeldt - vocais e guitarra
Fredrik Åkesson - guitarra
Martín Méndez - baixo
Martin Axenrot - bateria
Per Wiberg - teclado

Setlist:

1.    The Leper Affinity    11:01
2.    Bleak    09:41
3.    Harvest    07:02
4.    The Drapery Falls    10:31
5.    Dirge For November    08:55
6.    The Funeral Portrait    08:58
7.    Patterns in the Ivy    02:30   
8.    Blackwater Park    12:40

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9.    Forest of October    18:01
10.    Advent    16:01
11.    April Ethereal    10:51
12.    The Moor    12:34
13.    Wreath    13:40
14.    Hope Leaves    07:12
15.    Harlequin Forest    14:01
16.    The Lotus Eater    11:59


Tempo total: 02:55:37



6 comentários:

  1. Perfeito. Devo acrescentar que é a puta da loucura.

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  2. quando ouvi essa banda, nunca mais parei de escutar, e uma banda do caralho, muito massa .

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  3. Sou um grade fã do Opeth, porém, acabo de descobrir três coisas neste blog:

    1) o lançamento de Roundhouse tapes em DVD (quando baixei o cd o DVD ainda não tinha saido e deixei p/ lá);

    2) o lançamento deste DVD aqui resenhado

    3) o lançamento de um novo aĺbum (até bem pouco tempo atrás procurei notícias do sucessor do - em minha opinião pouco inspirado - Watershed e nada encontrei. Pois bem, cabe-me ir atrás de ambos os DVD's. O Sr. por ventura os tem? Não possui cd's originais da banda, mas meu Lamentations o é.

    A propósito, qual seu favorito da banda? O meu é o Blackwater, juntamente com o Ghost Reveries.

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  4. Minha intenção, além da resenha em si, é apresentar fatos, notícias e curiosidades no geral sobre a banda. Logo, fico satisfeito que tenha 'descoberto' fatos lendo esta resenha.

    Vamos lá...

    Eu gosto do "Watershed". Apesar de considerá-lo um dos mais fracos da discografia, existem ótimos momentos como "Hessian Peel" e "Hex Omega", por exemplo. "Coil" também é uma grande faixa.

    Apesar de ter uma boa quantidade de material original, não possuo (infelizmente) nada oficial do Opeth. Arrumei emprestado o DVD aqui resenhado e, posteriormente, 'ripei' para assistir no PC.

    Ah, meu disco favorito é o de 1999 - o grandioso "Still Life". Pode não ter uma produção grandiosa, mas as composições - tal como a ordem em que estão dispostas - me agradam mais do os demais discos.

    Obrigado pelo comentário, cara.

    Abraços.

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  5. O fato de eu estar desinformado acerca do metal em geral (até bem recentemente ignorava o festival em São Luis) parece-me normal, pois me cansei um pouco do estilo ao sair da adolescência; porém, estar mal informado sobre o Opeth parece-me grave.

    Ao ver as postagens sobre a banda no site comprei o dvd e baixei o cd (mas ainda não ouvi este último na íntegra, então o comentarei depois).

    Sobre o dvd, posso dizer o seguinte: concordo com a "perda" do vocal gutural, mas não acho que as principais afetadas tenham sido as iniciais; achei isso um tanto aleatório e existem algumas poucas em que não há perda (ou esta é mínima). O repertório e execução em geral são excelentes, mas aponto um outro porém: "Harvest" tocada sem a presença de um violão ficou nitidamente inferior a versão do "Lamentations".

    Sobre o "Hatershed": penso ser um disco acima da média musical atual, porém bem abaixo do padrão Opeth de qualidade.

    Compro os dvs originais pq tenho o costume de baixar apenas discos, que são menores. Terias, por ventura o "roundhouse tapes" "ripado"? Tenho-o só em cd.

    O "Still life" foi o último dos discos do Opeth que ouvi (conheci a banda antes de lançarem o ghost reveries) e nao é dos meus favoritos, embora o considere um excelente disco.

    Até a próxima.

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  6. Cara, você se enganou sobre a "Harvest"; em ambos os DVDs eles a executam APENAS com guitarras. Não há violões. Se houver dúvidas dê uma procurada rápida no Youtube para constatar. (:

    Sobre os vocais:
    Isso foi algo bem pessoal. Os vocais de estúdio do Blackwater, estou incluindo aí as primeiras do DVD, são muito fortes. Infelizmente, ele deveu em canções como Dirge for November, em minha opinião. Não sei você soube, mas, uns meses depois dessa resenha, ele anunciou que iria parar com os guturais. Infelizmente.

    Não, não tenho um rip do Roundhouse Tapes. Mas fica aí uma dica: veja no Youtube; postaram uma versão em HD(1080p) lá.

    Até mais e obrigado pelos (bons) comentários.

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