quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Resenha: Ozzy Osbourne - Diary of A Madman

Ano de lançamento: 1981

Com o lançamento de "Blizzard of Ozz", em 1980,  o vocalista britânico Ozzy Osbourne finalmente provara que poderia manter uma carreira solo estável, com elementos distintos a sua antiga banda o Black Sabbath e, ao mesmo tempo, se firmar como artista de maneira independente ao que fez no início de sua carreira, por exemplo.

Na época, dar pouco crédito a nova investida de Ozzy seria uma opção coerente; o cantor vivia uma vida repleta de excessos e a sua saída do Sabbath, com direito a ida e vindas, foi bastante conturbada. Apesar dessas adversidades, alguns fatores, inquestionavelmente, serviram de mote pro início da sua empreitada solo: a contribuição do incrível guitarrista Randy Rhoads e o empresariamento daquela que viria, um ano depois, a ser sua famosa esposa Sharon Osbourne. Houve outros fatores, claro. Mas esses, além do próprio, são considerados fundamentais para o sucesso de sua estreia solo com a 'dobradinha' "Blizzard of Ozz" (1980) e, lançado um ano depois, o disco aqui resenhado: o  clássico "Diary of A Madman".

Lamentavelmente, este registro marca o fim da parceria Rhoads/Osbourne; poucos meses após o lançamento, o guitarrista norte-americano viria a falecer sendo vítima de um trágico acidente de avião. Tal fato acabou por selar, assim, seu trabalho nesse disco.

Sob breve linhas solo de bateria, o álbum tem seu início. 'Over the Mountain' torna-se, pouco a pouco, uma peça significativa seja através da qualidade dos riffs ou pelos vocais marcantes de Ozzy – ouça a 'clássica' mudança de tempo, para um mais lento, na ponte e veja como ele imprime suas características linhas grudentas. O solo alavancado e sombrio contrastando com a natureza mais melódica da música também tornou-se um marco; nele Randy abusa dos recursos da sua floyd rose em uma interpretação difícil de ser emulada. Ainda mais difícil é tentar entender os motivos dessa música não ser executada com frequência nos shows...

Ozzy Osbourne e Randy Rhoads

A seguir, temos o single 'Flying High Again' que, de curiosidade, é a faixa mais lembrada nos shows de Ozzy. Para surpresa geral (oh!), conta com mais um excelente solo dessa vez mais melódico do mestre Rhoads. Apesar de possuir qualidade, é uma canção que rouba o status de uma, digamos, 'Over The Mountain' como clássico.

As próximas, felizmente, conseguem a façanha de elevar o nível do compacto: 'You Can't Kill Rock and Roll' é uma balada muito bem arranjada, composição de alto nível marcada pelo belo uso de violões; já 'Believer' não necessita de muitos comentários, pois trata-se de uma música clássica recheada de riffs memoráveis e, talvez, seja a mais pesada do álbum. Nesta última, Randy  faz uso de linhas mais arrastadas remetendo, levemente, ao próprio Black Sabbath.
Nesse ponto vale ressaltar o excelente trabalho realizado pela cozinha, ou seja, Lee Kerslake (bateria) e Bob Daisley (baixo). Isso na versão original do trabalho, pois na remasterização de 2002, os canais originais dos músicos foram substituídos por outras gravações. Tudo resultado de algumas desavenças contratuais e, claro, influência de Sharon Osbourne.

Após uma sequência de qualidade inquestionável, 'Little Dolls' diminui um pouco o ritmo do disco sendo, talvez, a menos-melhor de "Diary of A Madman". Ou, em outras palavras, a criação mais esquecida. Em seguida, mostrando que o cantor-comedor-de-morcegos também conseguia criar boas canções radiofônicas, surge a balada 'Tonight'. Embora o baixo de Daisley chame atenção, é impossível não destacar e se surpreender – mais uma vez – com os solos de Rhoads. Em conjunto com 'Believer' e "Over the Mountain", a próxima faixa ('S.A.T.O.') exibe os traços mais heavy metal desse trabalho. No geral, um dos grandes momentos do disco, apesar de, também, ser pouco lembrada.



Encerrando "Diary of A Madman", temos a fantástica faixa-título. De longe, trata-se da peça mais bem estruturada e composta no álbum – talvez, sem exageros, isso também seja válido em comparação ao resto da discografia de Ozzy.  Em sua estrutura, coros, violões e guitarras inspiradas na minha opinião, a faixa contém um dos melhores riffs do estilo complementam o clima de desespero e loucura da letra. Letra esta interpretada de forma digna por Ozzy, aliás. Um verdadeiro épico que, ao que tudo indica, funcionaria de maneira extraordionária em shows, mas que nunca foi tocada ao vivo, infelizmente.

Como curiosidade, a introdução da música, feita com violão cordas de aço, mostra a influência e interesse do guitarrista pelo mundo do violão erudito. Para efeito de comparação, procure ouvir o Estudo Nº6 do violonista cubano Leo Brouwer, e saiba de onde veio partes da inspiração de Rhoads.

Recentemente, ano passado, o disco foi relançado em uma versão intitulada "Legacy Edition". Além do álbum original e encarte ampliado – quem possui a versão nacional antiga sabe que ele é, praticamente, inexistente , o digipack inclui um disco bônus com um show da turnê de "Blizzard of Ozz". Para os fãs dessa fase, a compilação de canções ao vivo "Tribute: Randy Rhoads", de 1987, também pode ser um bom consolo.

"Diary of A Madman", por motivos óbvios, não contou com uma divulgação maciça o que, talvez, explique o fato de muitas das suas canções acabarem caindo no ostracismo. No entanto, entre os admiradores do trabalho de Ozzy trata-se de um disco extremamente popular e, até mesmo, apontado como a melhor obra da carreira do vocalista.

Infelizmente, Randy Rhoads não pôde mostrar mais do seu trabalho e de sua provável evolução como artista. Porém, em um curto período (de apenas dois anos) o guitarrista conseguiu cravar seu nome tanto na história da música quanto da guitarra elétrica em si. Um feito incrível, convenhamos. Bem, "Diary of A Madman", com certeza, mostra o seu apogeu... até onde o tempo permitiu, ao menos. Clássico, apenas isso.

Na falta de um vídeo, com qualidade, do Randy executando alguma faixa do disco, segue uma breve homenagem de Zakk Wylde:



Músicas-chave:
"Diary of A Madman" ; "Over the Mountain" ; "Believer"

Formação:
Ozzy Osbourne vocais
Randy Rhoads guitarras e violões
Bob  Daisley – baixo
Lee Kerslake bateria
Don Airey teclados


Tracklist:


1. Over the Mountain 04:31  
2. Flying High Again 04:44
3. You Can't Kill Rock and Roll 06:59
4. Believer 05:18
5. Little Dolls 05:39
6. Tonight 05:50
7. S.A.T.O. 04:07
8. Diary of a Madman 06:15


Correção:
A faixa "Diary Of A Madman" foi executada ao vivo em algumas raras oportunidades. Você pode conferir aqui, por exemplo.

Agradecimento: Marcos Gandelman.


Este texto também pode ser acessado em:

http://whiplash.net/materias/cds/162610-ozzyosbourne.html
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2 comentários:

  1. Curto muito esse disco e adorei o vídeo no final.

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  2. Apesar de curtir pra caramba esse álbum, acho estranho que levei ate um bom tempo pra conhecer ele, ja conhecia praticamente todos do Ozzy na época, e ele acabou que veio meio "tarde"...hehehe. Sem dúvida é um clássico, Over the Mountain e Flying High Again são foda, deviam estar ate hoje no set dos shows, mas nao tem como nao dizer que ainda curto mais o Blizzard, aquele, pra mim, é um clássico do início ao fim.E pena o Randy ter partido tão cedo, senão ja era certo que viriam mais clássicos assim na sequencia.

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