O ato de entrevistar, ao meu ver, constitui a principal diretriz da atividade jornalística e, tenho de admitir, poucos verbos — comuns a essa prática — me agradam tanto como entrevistar.
Apesar das técnicas aprendidas, de uma possível experiência em trabalhos passados e do planejamento envolvido, ainda há um fator crucial para o sucesso de uma entrevista: o entrevistado, claro. Para minha sorte enquanto ouvinte e entrevistador, seja através de sua carreira na música instrumental — onde, além dos seus trabalhos solo, foi personagem do icônico disco do Quarteto Novo, de 1967 — , por meio de suas inúmeras contribuições musicais (foram tantas que a sua memória, às vezes, o trai, admitiu) ou apenas colaborando com esta simples entrevista, o humilde multi-instrumentista pernambucano se sobressai.
Conhecido por, em conjunto com suas estimadas guitarras, ter quebrado as barreiras tradicionais ao jazz americano — adicionando, assim, um sotaque nordestino — , Heraldo do Monte é considerado, por muitos, um verdadeiro mestre. Entretanto, o instrumentista, de 77 anos, ainda demonstra certa timidez com a alcunha e diz que cumprira seu sonho como músico há muitos anos — quando, finalmente, tornou-se um guitarrista de orquestra em São Paulo (cidade onde vive atualmente).